Estudos populacionais comprovam que a grande maioria dos brasileiros (cerca de 95% de homens e mulheres) considera o sexo relevante para a harmonia do casal. Em contrapartida, metade dessa população confessa não considerar sua vida sexual satisfatória.

De fato, dificuldades sexuais são frequentes e comprometem o desempenho e a satisfação de muitos, em diferentes etapas da vida.

Entre as dificuldades sexuais masculinas, uma se destaca pela sua prevalência, especialmente entre os homens acima dos 40 anos. Trata-se da disfunção erétil, ou seja, a incapacidade de o homem obter e/ou manter ereção suficiente para terminar o ato sexual com satisfação.

Falhas eventuais, isoladas, decorrentes de cansaço, preocupação ou falta de atração pela(o) parceira(o), não constituem disfunção erétil, sendo reações naturais ao estresse de um dado momento ou a um desinteresse transitório.

O homem tem disfunção erétil quando falha a intervalos regulares, isto é, repetidas vezes. Quanto menores os intervalos entre as falhas, mais grave é a disfunção. Assim, ela pode ser classificada, de acordo com o grau de intensidade, em: leve, moderada e completa.

Independentemente da intensidade, essa disfunção repercute no relacionamento do casal: a mulher passa a se responsabilizar e perde a autoestima, por imaginar que seu parceiro já não se sente mais atraído por ela. Outras vezes, ela desconfia de que ele mantém outro relacionamento e, por isso, não consegue satisfazê-la como antes. Algumas passam a investigar a vida dos parceiros, inconformadas porque eles evitam o sexo (desde que começaram a falhar).



“(…) para prevenir disfunções sexuais de origem psicogênica, é preciso incentivar educação sexual responsável administrada pelos pais e pela escola, garantindo autoconfiança e autoestima e controlando mitos, tabus, preconceitos ou ideias errôneas a respeito da sexualidade”


Por vezes, o parceiro não desiste da relação sexual, mesmo falhando, na expectativa de se recuperar e não ter sua autoimagem tão comprometida. Ao não conseguir êxito, frustra a si e a parceira, acarretando mais sofrimento a ambos.

Portanto, o homem frequentemente não divide com a(o) parceira(o) seu problema e sofrimento, por sentir-se muito envergonhado ou esperando recuperação espontânea. A(o) parceira(o), por sua vez, se afasta, extremamente ressentida(o), culpando-se ou culpando-o.

Todas as atitudes acima descritas estão equivocadas e cronificam a disfunção.

Evolução

Diversas pesquisas apontam que, diante da falha de ereção do homem, a(o) parceira(o) tem papel diferencial. Aquela(e) que admite que ele pode estar vivenciando um problema de saúde e o incentiva a buscar tratamento torna-se uma(um) aliada(o). Aquela(e) que minimiza, se indispõe ou fica indiferente, contribui para a manutenção ou o agravamento da disfunção erétil.

Tratamentos só medicamentosos são insuficientes para auxiliar os casais ou o(a) portador(a) de disfunção sexual, pois não contemplam aspectos psicológicos e interpessoais, tais como: ansiedade de desempenho, depressão, má qualidade do relacionamento, parceiro(a) desinteressado(a) ou com dificuldades sexuais, abstinência sexual prolongada, dificuldades econômicas e repertório sexual precário.

Causas psiquiátricas (depressão, ansiedade, estresse pós-traumático, pânico) também se beneficiam da intervenção, que combina medicamentos e terapia sexual.

A disfunção erétil de origem emocional é mais frequente em jovens, devido a insegurança, medo de falhar, autoimagem negativa. Ou pode advir de algum conflito relacionado à orientação ou à identidade sexual.

Nessas circunstâncias, o jovem acaba liberando altas concentrações de adrenalina na circulação, o que prejudica o preenchimento dos corpos cavernosos do pênis, ocasionando dificuldade de ereção. Por sua vez, a disfunção erétil de causa orgânica incide mais em homens de meia-idade em diante (quando as doenças começam a dar manifestação), os quais também podem ter disfunção erétil psicogênica associada ou isolada.

Deflagrada a disfunção (mesmo que de origem orgânica), a continuação e o agravamento dependem de fatores emocionais: autoestima abalada aumenta a fragilidade e a falta de confiança na recuperação e no desempenho.

Tratamento psicoterápico

As técnicas de psicoterapia para disfunção erétil do tipo psicogênico ou misto (origem orgânica, com repercussão psíquica) vêm se aperfeiçoando, de modo a atender esses pacientes e também agir como preventivo da depressão decorrente da dificuldade de ereção. Faz parte do tratamento de primeira linha para esse problema.

São objetivos da terapia sexual para disfunção erétil:

  • Identificar e trabalhar as resistências à intervenção médica que resulta em abandono do tratamento
  • Reduzir a ansiedade de desempenho
  • Entender o contexto em que o paciente faz sexo
  • Promover psicoeducação e adequação do “roteiro sexual” do paciente

A eficácia da terapia depende de focar no prazer, reduzir a ansiedade, diminuir a ênfase no ato sexual e promover consciência das sensações sexuais. Podem otimizar os resultados: vínculo terapêutico e motivação/suporte da(o) parceira(o), estabelecimento de metas para o paciente e sua(seu) parceira(o). O foco da terapia sexual não deve ser só a melhora do desempenho, mas conforto sexual e prazer.

Há casos em que a terapia sexual para disfunção erétil deve anteceder a terapia medicamentosa: jovens iniciando a atividade sexual, homens deprimidos, disfunção causada por abuso de substâncias ou relacionamento muito deteriorado.

Por outro lado, a terapia medicamentosa pode ser aliada à psicoterapia, a fim de fornecer confiança para o retorno à atividade sexual, além de recuperar rapidamente a ereção e, com isso, superar questões relacionais e psicológicas resultantes das falhas de ereção.

Vale lembrar que, para prevenir disfunções sexuais de origem psicogênica, é preciso incentivar educação sexual responsável administrada pelos pais e pela escola, garantindo autoconfiança e autoestima e controlando mitos, tabus, preconceitos ou ideias errôneas a respeito da sexualidade.

Fonte: Portal da Urologia

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